quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Derrota para o Mazembe completa um ano

Em 14 de dezembro de 2010, Inter perdeu para time congolês em Abu Dhabi e viveu a maior frustração de sua história




A vida continuou. 
Com alegrias e frustrações, com vitórias e derrotas, os colorados continuaram indo ao Beira-Rio, o clube seguiu comprando e vendendo jogadores, a camisa vermelha não parou de ir a campo. Mas o que aconteceu naquele 14 de dezembro trágico em Abu Dhabi, não há torcedor que esquecerá. Nem os desta geração, nem os das próximas.

Deu tudo errado, do início ao fim do Mundial. Às vésperas do embarque, o clube perdeu dois dos integrantes de sua lista: Glaydson, lesionado, e Rodrigo, vetado por problemas burocráticos. Por isso, teve que chamar atletas árabes para compor o time nos treinamentos.
A viagem de ida foi uma tragédia. A delegação passou quatro horas parada na Nigéria. Não havia ninguém no aeroporto de Lagos para receber o avião fretado pelo clube. Jogadores e torcedores se impacientaram. Houve pedidos de propina para que o abastecimento fosse realizado e o voo pudesse seguir.
Guinazu Internacional Mundial (Foto: EFE)Guiñazu desolado enquanto Mazembe comemora: derrota histórica em Abu Dhabi (Foto: EFE)
O clima era de confiança para o Mundial, embora não houvesse sinais de salto alto. O Inter chegou a Abu Dhabi em situação oposta à de 2006. Azarão e campeão quatro anos antes, desta vez era visto até como favorito, dada a má fase do Inter de Milão, seu principal concorrente.
D´Alessandro na derrota do Internacional para o Mazembe (Foto: Jefferson Bernardes / VIPCOMM)D´Alessandro na derrota de um ano atrás
(Foto: Jefferson Bernardes / VIPCOMM)
O elenco viu o jogo entre Pachuca e Mazembe, pelas quartas de final. Boa parte dos jogadores, embora não tenha manifestado isso publicamente, saiu do estádio com a impressão de que o time africano era forte fisicamente, mas frágil nos demais aspectos, especialmente na defesa. Três dias antes da partida, uma situação chamou a atenção: o técnico Celso Roth e o capitão Bolívar, convidados a tirar uma foto com a taça, chegaram a segurá-la. Seria o único contato com ela.
Veio o dia do jogo, e Abu Dhabi recebeu uma invasão histórica. Dez mil colorados cruzaram o oceano para apoiar o Inter. O time estava em casa. Era uma festa vermelha. O ambiente estava armado para uma vitória, para a classificação, para a proximidade do bicampeonato mundial. E tudo ruiu.
Os primeiros minutos da partida deram a impressão de que o Inter amassaria o Mazembe. O time de Roth trocou passes, avançou, criou chances. Mas não conseguiu marcar. Os africanos, aos poucos, foram crescendo no jogo. Conforme passava o tempo, o Inter se perdia. O fim do primeiro tempo trouxe nervosismo. E o início do segundo arquitetou a tragédia.
Kabangu fez o primeiro gol. Kaluyituka, perto do final da partida, fez o segundo. E o universo colorado entrou em estado de choque. Em Porto Alegre, a festa, quem diria, foi dos gremistas.
Restou ao Inter a disputa do terceiro lugar, em uma melancolia histórica. Jogadores como Rafael Sobis e Tinga, identificados com o clube, choraram repetidas vezes na preparação para a última partida. A vitória por 4 a 2 sobre o Seongnam, da Coreia do Sul, amenizou um triz da dor dos colorados. Naquele jogo, o goleiro argentino Abbondanzieri abandonou o futebol.
Rafael Sobis chora a eliminação do Inter (Foto: Jefferson Bernardes / VIPCOMM)Rafael Sobis, no hotel, chora eliminação do Inter em Abu Dhabi (Foto: Jefferson Bernardes / VIPCOMM)
O Inter foi campeão mundial. Mas o de Milão. Em um estádio novamente tomada por colorados, o clube italiano bateu o Mazembe e ergueu a taça que os gaúchos tanto queriam.
No retorno a Porto Alegre, elenco e torcedores do Inter tiveram que encarar três horas de atraso em Dubai e uma escala imprevista na Ilha do Sal. Em 20 de dezembro, estavam todos novamente em casa. Era o fim de um pesadelo.
O que aconteceu com as personagens daquele jogo
Renan: sofreu as consequências do Mundial. Foi decisivo no título gaúcho, mas perdeu lugar no time. É reserva de Muriel.
 
Nei: se firmou na equipe em 2011. Virou um jogador mais importante do que era naquela época.
 
Bolívar: muito criticado pela atuação contra o Mazembe, ele seguiu como titular no primeiro semestre, mas perdeu o posto no returno do Brasileirão. Não tem vaga certa no time para 2012.
 
Índio: virou reserva, mas segue muito respeitado pela torcida. Aos 36 anos, é um dos símbolos do clube.
 
Kleber: se manteve como titular absoluto do Inter em 2011. Tem chances de deixar o clube na virada do ano.
 
Wilson Matias: caiu em desgraça. Perdeu lugar na equipe, reapareceu ao longo do ano, mas fechou a temporada fora até do banco. Está escanteado no clube.
 
Guiñazu: o próprio Inter apostava em uma saída de Guiñazu. Mas não aconteceu, e ele se manteve como titular absoluto.
 
Tinga: viveu altos e baixos após a derrota para o Mazembe. Passou boa parte do ano no banco, mas terminou a temporada como titular.
 
D’Alessandro: outra decepção de Abu Dhabi, D’Alessandro viveu grande temporada em 2011. Voltou a ser decisivo em Gre-Nais e foi um dos protagonistas do time na conquista de vaga na Libertadores de 2012.
 
Rafael Sobis: deixou o Inter na metade do ano, depois de voltar a conviver com lesões e oscilar entre o banco e o time titular no primeiro semestre. Saiu magoado do clube, mas encontrou bom futebol no Fluminense.
 
Alecsandro: o Mundial foi a gota d’água na relação entre Alecsandro e a torcida do Inter. Ele já começou 2011 na reserva. No primeiro semestre, rumou para o Vasco, onde foi fundamental na conquista da Copa do Brasil.
 
Giuliano: reserva no Mundial, acabou negociado. Foi para o Dnipro, da Ucrânia.
Oscar: antes de o Inter ir para Abu Dhabi, ele já chamava a atenção nos treinos. Mas ficou no banco contra o Mazembe. Estourou em 2011.
 
Leandro Damião: o maior goleador do Brasil em 2011 foi reserva do Inter no Mundial. Contra o Mazembe, Damião foi a campo no segundo tempo, mas não conseguiu evitar a tragédia. Virou o astro da equipe poucos meses depois.
 
Celso Roth: a diretoria passou uns bons dias debatendo a permanência de Roth, ainda em Abu Dhabi. Ele ficou no clube, mas acabou demitido ainda na primeira fase da Libertadores. Foi para o Grêmio, de onde se despediu ao término do Brasileirão.


SAUDAÇÕES COLORADAS.

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