Os altos e baixos em mais de cinco anos na Europa parecem fazer parte de um passado distante para Andrés D’Alessandro. Em excelente fase no Internacional há quase três temporadas, ele não apenas reconquistou o prestígio que ficara abalado por passagens irregulares por Wolfsburg, Portsmouth e Zaragoza como se tornou ídolo da torcida colorada e ainda voltou a fazer parte da seleção argentina nos últimos amistosos contra Espanha e Japão.
Aos 29 anos e com grandes ambições, D’Alessandro se diz maduro, focado na carreira e pronto para seguir aproveitando o grande momento que atravessa. E aproveitar, neste caso, significa ganhar novos títulos com o Inter, um deles que engrandeceria ainda mais seu currículo: o da Copa do Mundo de Clubes da FIFA, em Abu Dhabi.
Em entrevista exclusiva ao FIFA.com, o meia revelou esta meta e ainda mostrou toda sua gratidão ao clube gaúcho, que, segundo ele, tem responsabilidade direta na nova chance que ganhou na seleção de Sergio Batista. Seleção que, aliás, ele espera defender no amistoso contra o Brasil, em 17 de novembro.
FIFA.com - Você considera esta fase como a melhor de sua carreira?
D’Alessandro – É uma fase muito boa, não sei se a melhor. Mas é boa por que conquistei títulos, que são os grandes objetivos de um jogador. Fiz um bom trabalho na Libertadores e, no Campeonato Brasileiro, as coisas também estão indo bem. É um momento que certamente tenho que aproveitar.
Você passou mais de cinco anos na Europa, voltou à Argentina e agora está bem de novo no Brasil. Quanto acha que amadureceu nesses anos?
Os anos passam e a gente vai crescendo em todos os aspectos, pessoalmente e como atleta. Sei que amadureci bastante nestes dois níveis. Há dez anos jogo como profissional, mas tenho humildade e continuo aprendendo a cada dia, dentro e fora do futebol. Estou no momento certo da minha vida, jogando bem. Venho cumprindo os meus objetivos e conquistando títulos, que são essenciais para te fazer crescer.
Em relação à Copa do Mundo de Clubes da FIFA, você pode enfrentar alguns companheiros de seleção se o Inter enfrentar a Internazionale na final. Já conversou com eles a respeito?
Conversamos bastante, principalmente agora na viagem ao Japão. Mas foi sempre em tom de brincadeira. Conheço o Cambiasso, o Milito, o Zanetti e o Samuel também, são excelentes jogadores. A gente se sente orgulhoso por ter esta oportunidade. Mas, no meu modo de entender, as equipes estão em outro nível na Europa. Vamos ver como nos sairemos. Temos um jogo na semifinal e só depois poderemos pensar neles. De qualquer forma, estamos trabalhando bastante para que esse duelo aconteça e não vamos dar nada de graça.
Qual a importância deste torneio? É hoje sua maior ambição jogando por clubes?
Já conquistei a Libertadores e, sem dúvida nenhuma, este seria o título mais importante agora para minha carreira. Em nível de clubes é a maior competição que temos para disputar.
Depois de um bom tempo você voltou à seleção. O quanto a fase no Inter ajudou nisso?
Ter voltado à seleção é algo que esperava há muito tempo. E todos sabem que essa oportunidade depende do momento que você atravessa no clube. Por isso, o Inter tem uma boa porcentagem, por me oferecer uma excelente estrutura. Não era chamado há mais de dois anos, mas fiz um bom trabalho e acho que foi merecido. Voltar era meu maior objetivo, agora quero ter continuidade.
Você foi uma das maiores promessas no país, mas nunca disputou uma Copa do Mundo da FIFA. É uma conta pendente em sua carreira?
Sem dúvida nenhuma o maior sonho de um jogador profissional é disputar uma Copa do Mundo e nunca pude realizá-lo. Fiquei perto duas vezes, mas não fui. Então não posso e não quero pensar nisso agora. Hoje, meu foco é no Inter e no Mundial. Quero seguir trabalhando bem para me manter em boas condições e ter mais chances de estar na seleção.
Desde que o Riquelme deixou a seleção parece que a Argentina sente falta de um grande nome para a sua posição. Você acha que pode ser o meia que falta na equipe?
A verdade é que a Argentina não vem criando muitos jogadores na minha posição como antes. Mas temos outros com muita experiência. Tudo depende do treinador, do jeito que ele quer jogar, da tática que pretende impor. O (Sergio) Batista tem uma ideia do futebol que eu concordo. Ele não quer ter um estilo fixo e pode jogar com ou sem um meia específico. O mais o importante é que o jogador esteja preparado para as possíveis mudanças e saiba se adaptar. O que vem me ajudando agora é o fato de ter atuado na Inglaterra e na Espanha em várias posições diferentes. Não posso ficar preso ao fato de ser meia e, se tiver que atuar de outra forma, vou dar o máximo. Tudo isso é importante para que o treinador tenha mais armas nas mãos.
A Argentina enfrenta o Brasil em novembro. Como encara a possibilidade de defender a seleção sendo ídolo no país rival?
Já joguei contra o Brasil, mas não estava aqui no Inter. Agora seria mesmo diferente. O brasileiro olha para mim de um jeito especial, por que estou no país há um bom tempo. Sou muito agradecido pela forma que todos me acolheram. Até por isso não vai ser algo fácil, um jogo entre Brasil e Argentina é sempre algo importante.